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Os perigos da dismorfia muscular
A síndrome da dismorfia muscular vem e tornando umas das doenças que cresce entre os praticante de musculação e para saber mais sobre o assunto entrevistamos a Psicóloga Fernanda de Albuquerque Ramos, 42 anos.

O que é Dismorfia muscular?
A Transtorno Dismórfico Corporal é um transtorno mental que se caracteriza por afetar a percepção que o indivíduo tem da imagem de seu corpo. Formamos nossa imagem corporal de acordo com a maneira que vivenciamos nosso corpo ao longo de nossa história. A partir dessas experiências formamos uma representação de nosso corpo, que faz com que consideremos nosso corpo bonito ou feio, adequado ou inadequado, satisfatório ou insatisfatório. Essa percepção é fortemente afetada por padrões culturais que criam estereótipos do que deve ser um corpo bonito e adequado, estereótipos esses que, por sua vez, criam pressões sobre as pessoas. Por vezes, essas pressões tornam-se excessivas, e falta a certos indivíduos recursos para lidar com elas. Nesses casos é que o risco de adoecimento aparece e que o transtorno pode se desenvolver e se instalar. A pessoa torna-se invadida por pensamentos de que tem alguma coisa errada com seu corpo, e passa a se preocupar excessivamente com defeitos que não são observáveis ou parecem leves para as outras pessoas. Isso leva a pessoa a desenvolver comportamentos repetitivos, como verificar-se várias vezes no espelho, arrumar-se excessivamente, beliscar-se, ou mentalmente comparar-se com outras pessoas, buscando aliviar a preocupação com sua aparência. Não se trata de pensamentos eventuais, ou uma preocupação momentânea, mas uma preocupação que causa sofrimento importante ou prejudica sua vida social (profissional, familiar, etc). A dismorfia muscular é uma forma de transtorno dismórfico corporal. Nesse caso a preocupação do indivíduo é que ele tem uma estrutura muscular pequena ou insuficientemente musculosa, quando, na verdade, seu corpo é forte e musculoso.
Quais são as características desse transtorno?
Dentre as principais característica apresentadas pelo pacientes estão: A crença em ter um corpo pequeno e franzino, quando na realidade este é forte e musculoso; Desistência de atividades sociais ou profissionais que seriam importantes para não interromper a rotina de exercícios, por medo de perder massa muscular; Não realização de atividades físicas aeróbicas para não perder massa muscular; Evitar a exposição corporal ou vivenciar grande ansiedade quando isso é inevitável; Optar por exercitar-se, fazer dietas restritivas ou usar substâncias para melhorar o desempenho, mesmo quando estes têm efeitos colaterais prejudiciais. Pensamentos obsessivos por ter um corpo musculoso e compulsão por exercícios físicos de hipertrofia, sempre com a crença de que a musculatura não é suficiente (por maior que essa seja).
Quais é a população mais afetada por esse transtorno geralmente?
A dismorfia muscular é mais comum em homens que mulheres, e muito mais predominante na população ocidental, o que fala a favor de ter forte influência cultural, ligada a valores e padrões de beleza de uma determinada sociedade.
Esta doença tem alguma relação com a alimentação do praticante de exercícios?
A síndrome da dismorfia muscular pode estar relacionada a transtornos alimentares (comer só um tipo de comida, como proteína, e restringir outras de forma fóbica) e de ansiedade (causando depressão, isolamento, deterioração das relações sociais, dificuldade de concentração). Pode trazer também consequências físicas, como mudanças metabólicas que afetam o fígado e o sistema cardiovascular, aumento do colesterol, disfunção erétil, fraqueza, cansaço.
Quais são os tratamentos recomendados a este tipo de paciente?
O tratamento mais eficaz normalmente combina o uso de medicamentos com terapia. O objetivo da terapia é levar o indivíduo a resignificar a relação com seu corpo. Torná-lo consciente da origem dos pensamentos invasivos, críticos a seu corpo e que trazem tanto sofrimento, e a partir dessa tomada de consciência, levá-lo a aceitar seu corpo e a satisfazer com ele e com sua vida de forma geral. Enfim, a terapia vai centrar o processo no resgate da auto-estima, e na obtenção de satisfação com outras áreas da vida, que não apenas a aparência física.conforme a existência e o grau dos transtornos associados à dismorfia muscular, como a ansiedade ou depressão, o uso de ansiolíticos e anti-depressivos pode ser necessário.
Conforme a existência e o grau dos transtornos associados à dismorfia muscular, como a ansiedade ou depressão, o uso de ansiolíticos e anti-depressivos pode ser necessário.